O plano estava delimitado em minha mente. Eu iria até o apartamento dela e deixaria que minhas emoções me dissessem o que fazer. Eu esperaria por uma palavra. Sim ou não. Não aceitaria outra. Um sim me deixaria mais perto dela do que eu jamais estivera. Um sim me faria deixar anos de amizade de Pedro de lado e ficar com ela para sempre, o que eu achava um pouco injusto, mas realmente tentador. Por outro lado, um não me faria tirá-la de minhas veias. Não poderia ser tão difícil, já vira tantas pessoas entrando em reabilitação e conseguindo ficar longe de seus vícios. E não poderia ser tão difícil ficar longe de Lua se fosse isso que ela queria.
Dirigi até o prédio dela e fiquei sentado com a cabeça encostada no volante por alguns minutos repassando meu plano mentalmente.
Era o momento da escolha, tinha que saber o que faríamos de nós mesmos. Eu precisava saber o que significara aquela noite para ela. Precisava de um rumo. Não poderia ficar para sempre sem saber para onde ir e seguir apenas o perfume dela para onde quer que fosse.
O porteiro me deixou entrar sem problemas e eu avancei os andares dentro do elevador contando os segundos para ver o rosto dela mais uma vez. Como eu poderia pensar que conseguiria me livrar dela se até mesmo o pensamento já me doía de uma forma que eu não poderia suportar.
Toquei a campainha e ela abriu a porta com um sorriso nada surpreso. Provavelmente o porteiro já havia avisado a ela que eu estava subindo e por isso não pude ver aquele rosto tão perfeito iluminado por um brilho de surpresa.
- Eu...
- Já sabia que viria, Arthur . – ela disse se apoiando na porta. – Eu sabia que não passaria muito tempo longe. Obsessão faz isso com as pessoas.
- Já disse que não é obsessão, Lua . – eu disse um pouco mais alto e com raiva. Minhas emoções estavam tão descontroladas quanto às de uma grávida ao assistir a novela das nove. Ela ergueu as sobrancelhas bem delineadas para sorrir de escárnio. Ela simplesmente odiava quando alguém a chamava pelo nome inteiro.
- Ok, podemos arranjar outros nomes para isso. Mas não podemos continuar com isso.
Não tinha respostas para as palavras dela. Realmente precisávamos de um fim.
- E o que vamos fazer. Eu sei que não largará Pedro , e também sei que não ficará comigo...
-... E não posso ficar com os dois. – ela completou num Pedro baixo. – Vocês são tão diferentes que me impossibilitam de escolher um só. Pedro é todo apaixonado, lindo e me trata como se eu fosse a coisa mais importante de sua vida. Mas você já tem uma paixão mais violenta, me trata como se eu fosse o que te faz respirar, como se eu fosse tudo o que você precisa. - Sim Lua , você é o que me faz respirar.
Ela se afastou simbolizando que desejava que eu entrasse. Entrei e fiquei parado naquela sala tão Lua . Tudo na casa dela era vivo e vibrante como ela. Eu tinha Pedro ado a minha decisão e estava disposto a desistir dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário