Please Remember, Remember, December...
"Don't let these
memories you left behind..."
Mantive os olhos fechados, com medo
de perdê-la mais uma vez. Entretanto meus esforços foram em vão... Mais uma vez
seu rosto se desmanchou em uma nuvem branca de realidade.
- Mais um pesadelo, Arthur? – a voz sonolenta ao meu lado perguntou.
- Sim... – murmurei, com a garganta seca. Finalmente abri os olhos e me sentei. – Volte a dormir, Lice...
- Hm... – ela gemeu, virando-se para o lado e me obedecendo.
Saí do quarto silenciosamente. Desci as escadas e fui até a cozinha. Enchi um copo de água e tomei uma aspirina. Minhas pernas ainda estavam bambas pelo sonho. Ela quase havia me dito seu nome mais uma vez... Quase...
Qual era o meu problema com aquela garota? Tantas outras vieram depois dela, tantas outras desapareceram no labirinto que era minha memória, mas ela, só ela, aparecia em meus sonhos.
Se Alice soubesse daqueles constantes sonhos com a garota da turnê de 2005 – como eu gostava de nomeá-la – não ficaria muito feliz. Era péssimo ter que enganá-la com a história dos pesadelos, mas eu não podia fazer nada para impedir. Os sonhos haviam começado no começo do mês, e desde então sua presença em minhas noites de sono era constante.
Perguntava-me o que aquilo poderia significar. Saudades dos meus tempos de garoto? Abstinência de novas experiências? Saco cheio de monogamia? O que aqueles sonhos queriam me dizer?
- Querido? – Dei um pulo no balcão da pia e me virei. Alice estava encostada na batente da porta só de camisola, com cara de sono. – Venha dormir. Você sabe que eu não consigo dormir sem você.
Sorri para ela. Sua preocupação era fofa. Eu amava aquela mulher. Minha mulher.
- Estou indo, linda. Só vou esperar a dor de cabeça passar...
- Bom, estou te esperando. – ela anunciou.
Ouvi-la subir as escadas. Quando a porta do quarto se fechou, fui até a sala, motivado a não deixar que aquela dor de cabeça me dominasse. Deitei-me no sofá, sentindo o corpo inteiro formigar e uma pressão horrível no cérebro. Sem nem pensar direito, adormeci.
Flashback On.
Era Dezembro de 2005. Nós éramos garotos em nossa primeira turnê. Não nos importávamos nem um pouco em não passar as festas de final de ano com nossos familiares. Era a nossa primeira viagem como banda, e estávamos animados demais para curtir aquele momento e fazer algumas besteiras.
- Micael, qual é o seu problema? – Chay ria enquanto Micael tentava, sem sucesso, colocar as lentes de contato.
- Meus olhos não abrem! Simplesmente não abrem! – ele gritou, desesperado.
- Pera aí, dude, eu vou te ajudar! – Pedro ofereceu, levantando-se da cama e entrando no banheiro onde Micael estava. Eu e Chay ouvimos um “outch” e logo depois uma explosão de risada dos dois.
- Eu nem quero saber o que está acontecendo aí dentro... – comentei, e Pedro saiu do banheiro segurando Micael pelos ombros.
- Estamos prontos. - anunciou. Subi os olhos dos meus tênis.
Micael usava óculos escuros.
Caímos novamente na risada, só parando ao ouvir três toques rápidos na porta. Entreolhamo-nos: Será que a festa do terraço havia sido cancelada?
Chay abriu a porta, curioso, dando de cara com uma garota em prantos. Devia ter uns 17 ou 18 anos, usava uma boina vermelha e óculos de grau de armação preta. Fazia o tipo intelectual, se não fossem seus olhos vermelhos e o nariz inchado, que a deixavam com a aparência de... Bem, de uma maluca. Ela vestia uma malha preta de manga comprida com um decote princesa e uma saia xadrez cinza e preta. Nos pés usava uma sapatilha de veludo preta. Parecia uma boneca.
- Pois não? – Chay perguntou, meio assustado.
- V-vocês... V-viram... Um g-garoto? – ela soluçou. – Loiro, a-alto, olhos v-verdes...?
- Não vimos ninguém. – Chay deu de ombros. – É urgente? Quer que ajudemos a procurar?“Não, Chay, porra, nós vamos perder a festa!” pensei em gritar, mas a cara da menina era de partir o coração. Parecia arrasada.
- Não p-precisa, o-obrigada... – ela ofegou, dando meia volta e sumindo pelo corredor.
Flashback Off.
- Thur, estou indo. – Alice me acordou, sua voz se confundindo com a voz da garota chorosa. Olhei no relógio da TV, que apontava 8h17. – Não se esqueça que você tem entrevista às 9h.
Sua voz estava baixa. Ela estava magoada. Com motivos... Prometi a ela que subiria para dormir na cama e acabei adormecendo no sofá.
- Obrigado por me lembrar, amor. – agradeci, levantando-me cheio de dores, esfregando meus olhos cansados. Alice suspirou e abriu a porta para sair.
- Tchau, Thur. – murmurou.
- Tchau, Lice. – olhei para ela pela primeira vez. Usava um vestido floral que deixava suas pernas à mostra. Estava linda. – Tenha um bom dia. Eu amo você.
- Mais um pesadelo, Arthur? – a voz sonolenta ao meu lado perguntou.
- Sim... – murmurei, com a garganta seca. Finalmente abri os olhos e me sentei. – Volte a dormir, Lice...
- Hm... – ela gemeu, virando-se para o lado e me obedecendo.
Saí do quarto silenciosamente. Desci as escadas e fui até a cozinha. Enchi um copo de água e tomei uma aspirina. Minhas pernas ainda estavam bambas pelo sonho. Ela quase havia me dito seu nome mais uma vez... Quase...
Qual era o meu problema com aquela garota? Tantas outras vieram depois dela, tantas outras desapareceram no labirinto que era minha memória, mas ela, só ela, aparecia em meus sonhos.
Se Alice soubesse daqueles constantes sonhos com a garota da turnê de 2005 – como eu gostava de nomeá-la – não ficaria muito feliz. Era péssimo ter que enganá-la com a história dos pesadelos, mas eu não podia fazer nada para impedir. Os sonhos haviam começado no começo do mês, e desde então sua presença em minhas noites de sono era constante.
Perguntava-me o que aquilo poderia significar. Saudades dos meus tempos de garoto? Abstinência de novas experiências? Saco cheio de monogamia? O que aqueles sonhos queriam me dizer?
- Querido? – Dei um pulo no balcão da pia e me virei. Alice estava encostada na batente da porta só de camisola, com cara de sono. – Venha dormir. Você sabe que eu não consigo dormir sem você.
Sorri para ela. Sua preocupação era fofa. Eu amava aquela mulher. Minha mulher.
- Estou indo, linda. Só vou esperar a dor de cabeça passar...
- Bom, estou te esperando. – ela anunciou.
Ouvi-la subir as escadas. Quando a porta do quarto se fechou, fui até a sala, motivado a não deixar que aquela dor de cabeça me dominasse. Deitei-me no sofá, sentindo o corpo inteiro formigar e uma pressão horrível no cérebro. Sem nem pensar direito, adormeci.
Flashback On.
Era Dezembro de 2005. Nós éramos garotos em nossa primeira turnê. Não nos importávamos nem um pouco em não passar as festas de final de ano com nossos familiares. Era a nossa primeira viagem como banda, e estávamos animados demais para curtir aquele momento e fazer algumas besteiras.
- Micael, qual é o seu problema? – Chay ria enquanto Micael tentava, sem sucesso, colocar as lentes de contato.
- Meus olhos não abrem! Simplesmente não abrem! – ele gritou, desesperado.
- Pera aí, dude, eu vou te ajudar! – Pedro ofereceu, levantando-se da cama e entrando no banheiro onde Micael estava. Eu e Chay ouvimos um “outch” e logo depois uma explosão de risada dos dois.
- Eu nem quero saber o que está acontecendo aí dentro... – comentei, e Pedro saiu do banheiro segurando Micael pelos ombros.
- Estamos prontos. - anunciou. Subi os olhos dos meus tênis.
Micael usava óculos escuros.
Caímos novamente na risada, só parando ao ouvir três toques rápidos na porta. Entreolhamo-nos: Será que a festa do terraço havia sido cancelada?
Chay abriu a porta, curioso, dando de cara com uma garota em prantos. Devia ter uns 17 ou 18 anos, usava uma boina vermelha e óculos de grau de armação preta. Fazia o tipo intelectual, se não fossem seus olhos vermelhos e o nariz inchado, que a deixavam com a aparência de... Bem, de uma maluca. Ela vestia uma malha preta de manga comprida com um decote princesa e uma saia xadrez cinza e preta. Nos pés usava uma sapatilha de veludo preta. Parecia uma boneca.
- Pois não? – Chay perguntou, meio assustado.
- V-vocês... V-viram... Um g-garoto? – ela soluçou. – Loiro, a-alto, olhos v-verdes...?
- Não vimos ninguém. – Chay deu de ombros. – É urgente? Quer que ajudemos a procurar?“Não, Chay, porra, nós vamos perder a festa!” pensei em gritar, mas a cara da menina era de partir o coração. Parecia arrasada.
- Não p-precisa, o-obrigada... – ela ofegou, dando meia volta e sumindo pelo corredor.
Flashback Off.
- Thur, estou indo. – Alice me acordou, sua voz se confundindo com a voz da garota chorosa. Olhei no relógio da TV, que apontava 8h17. – Não se esqueça que você tem entrevista às 9h.
Sua voz estava baixa. Ela estava magoada. Com motivos... Prometi a ela que subiria para dormir na cama e acabei adormecendo no sofá.
- Obrigado por me lembrar, amor. – agradeci, levantando-me cheio de dores, esfregando meus olhos cansados. Alice suspirou e abriu a porta para sair.
- Tchau, Thur. – murmurou.
- Tchau, Lice. – olhei para ela pela primeira vez. Usava um vestido floral que deixava suas pernas à mostra. Estava linda. – Tenha um bom dia. Eu amo você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário