That's What You Get!
"Pain, make you way to me, to me!
And I'll always be just so inviting...
If I ever start to think straight,
This heart will start a riot in me!
And I'll always be just so inviting...
If I ever start to think straight,
This heart will start a riot in me!
"
Acordei no dia seguinte com Alice me cutucando. Havia adormecido como uma pedra, sem sonhos.- Amor, você tem entrevista às 10 horas! - ela me chacoalhou. Olhei para ela com os olhos semi-abertos. Já estava pronta para sair. Sorri e puxei-a para mais perto. Ela se desequilibrou e caiu em meu colo. Nós dois rimos como crianças. Beijei sua testa e ela suspirou. - Queria poder ficar com você hoje...
- Amanhã é sexta, e nós vamos ficar juntos a noite inteira. - murmurei em seu ouvido. Ela se arrepiou.
- Vou esperar ansiosamente por isso. - ela sorriu, levantando-se. Beijou de leve minha boca, pegou sua bolsa na cadeira e saiu pela porta.
Olhei para frente, embasbacado. Como era linda minha namorada. Tão linda... Linda como ela só... A Boininha.
Que destruiu meu coração.
Agora eu me lembrava porque não havia ido atrás dela durante todos aqueles anos. Agora eu me lembrava da dor insana que havia sentido. Da traição, da sua submissão... Agora eu me lembrava claramente.
Flashback On.
Acordei com socos ardidos no ombro. Abri os olhos e encontrei a garota aflita. Estava com os óculos pretos, mas sem a boina. Usava calça jeans e camisa xadrez. Ela estava desesperada.
- Thur, acorde, preciso ir para o meu quarto. - ela murmurou.
Olhei no relógio do celular. Eram 4h20 da manhã. Levantei-me com um pulo, pegando minhas roupas no chão. Vesti-me em silêncio, sob os olhares arrependidos dela. Estaria arrependida de ter ficado comigo? Eu havia passado uma das melhores - se não a melhor - noites da minha vida, e ela estava arrependida? Triste por ter traído o namorado que a espancava?
Acabei de me arrumar e olhei pra ela, que sorriu nervosa para mim.
- O que foi? Fiz alguma coisa errada? - perguntei pela segunda vez na noite.
- Você? - ela me olhou com seus grandes olhos, vindo até mim e beijando minha testa. - Não!
Depois desceu o beijo para a boca, e dessa vez foi ela quem me encostou à parede. Ficamos nos beijando por um bom tempo, e meu coração parecia uma escola de samba.
Quem era aquela menina, e o que tinha feito comigo?
- Eu vou embora hoje, Thur. - ela separou nossas bocas bruscamente. - E eu... Eu não posso mais te ver.
Abri a boca para responder, mas ela não deixou.
- Me desculpe, foi ótimo ficar com você, mas eu preciso voltar para a realidade, voltar para quem realmente pode me dar estabilidade. Adorei ter te conhecido, e agradeço pela noite maravilhosa, e por ter me ouvido. Mas agora eu preciso ir, e você não pode nunca mais me procurar. Está entendendo?
Minha respiração falhou. Então era aquilo? Tudo acabaria tão rápido quanto havia começado?
- V-você... - gaguejei, sentindo que iria chorar. Sim, eu iria chorar por uma garota que havia conhecido em menos de 24 horas. O quão patético aquilo seria? Respirei fundo, engolindo a maçã que havia se formado em minha garganta. - Elizabeth, por favor, nós podemos mudar as coisas. Podemos mudar sua situação. Eu vou te ajudar! Não seja fraca!
- Por favor, Thur, não se iluda, você não poderia me ajudar. Você tem uma linda vida pela frente, e não vai se prender a alguém como eu. Você não pode me ajudar. Ninguém pode me ajudar... - ela sussurrou, e eu poderia jurar que estava prestes a chorar também. Ela abriu a porta para ir embora, mas eu a puxei pelo braço, desesperado.
- Você não pode ir embora assim! - exclamei, sem nenhum orgulho. - Por favor, Elizabeth, não vá!
Ela sorriu, sombria, e passou a língua pelo lábio inferior. Nós dois sabíamos o que estava prestes a acontecer. Nós dois sabíamos que assim que ela entrasse em seu quarto apanharia. Mas ela estava desistindo de tentar. Desistindo de querer ficar comigo. Desistindo da própria vida.
Minha mão ficou mole, fraca, e ela pôde se soltar. Saiu do quarto rapidamente, sem dizer nada, sem responder as minhas súplicas, mas olhando em meus olhos. Depois fechou a porta, me deixando ali sozinho, com os olhos ardendo.
Eu não fui atrás dela, mesmo pressentindo o pior. Não fui ao seu quarto para protegê-la. Proteger Elizabeth, que havia amado com todo o meu coração, de um jeito que nenhum filme poderia explicar.
Meu coração estava em pedaços, e eu ignorei o que poderia estar acontecendo a ela. E nunca mais a procurei, para dizer que a amava. Guardei dentro de mim aquele amor, que parecia impossível, irreal. Mas era amor. Verdadeiro. E ela nunca soube.
Flashback Off.
Finalmente eu havia me lembrado. Elizabeth. Elizabeth Blanco era o seu nome. E ela havia partido meu coração.